Europa Central.
Ocorre preferencialmente em locais frescos e sombrios, a baixa altitude. Surge com frequência em bosques de sobreiros, azinheiras e carvalho-alvarinho, podendo também ocorrer em matagais sobre zonas dunares estabilizadas ou fendas de afloramentos rochosos.
A gilbardeira é uma planta de porte arbustivo de folhagem persistente que pode atingir 1.5 m de altura. Este arbusto caracteriza-se pelos seus numerosos caules rígidos aéreos, muito ramificados, de cor verde-escuro, circulares, maciços e finamente sulcados. As folhas são alternas, sésseis, uninervadas, geralmente muito pequenas e estão reduzidas a pequenas escamas, passando quase despercebidas e com forma lanceolada. Nas axilas das folhas desenvolvem-se cladódios – ramos espalmados, que se assemelham a folhas e que podem ser confundidas com estas – com formato ovado-aguçado, coriáceo ou subcoriáceo, com pontas espinhosas. A gilbardeira possui flores unissexuais (ora flores masculinas, ora femininas), que são pequenas e solitárias, surgindo sobre os cladódios, de cor branca ou esverdeada. O fruto é uma baga vermelha, globosa, que contrasta com o verde-escuro dominante da planta, e que possui entre uma a quatro sementes. As sementes são acastanhadas, lisas e subglobosas.
A gilbardeira apresenta diversas utilidades, tais como alimentação, propriedades medicinais, construção, entre outros. Pensa-se que, no passado, algumas comunidades, entre elas as gregas e romanas, consumiam os rebentos jovens de gilbardeira cozidos, que se diferenciavam pelo seu sabor amargo. As sementes desta planta, quando torradas, eram também frequentemente utilizadas como uma alternativa ao café. A raiz da gilbardeira era utilizada devido às suas propriedades medicinais, destacando-se a sua ação depurativa, sudorífera e diurética. Ao nível da matéria-prima, a asperidão das falsas folhas da gilbardeira confere-lhe características abrasivas, sendo utilizada no fabrico de vassouras e esfregões há centenas de anos, com a finalidade de fazer limpeza de fornos, chaminés e tetos. A inspiração de alguns dos seus nomes vulgares surge desta prática centenária, como por exemplo, “erva-dos-vasculhos”.
Outra curiosidade interessante deve-se à sua semelhança com o azevinho, o que fez com que a gilbardeira começasse a ser utilizada como elemento decorativo natalício. No entanto, a exploração humana intensiva condicionou o número de exemplares desta espécie, provocando uma diminuição considerável na natureza, uma vez que a colheita se tornou excessiva. Por esta razão, e no sentido de erradicar esta prática e permitir a sua conservação na natureza, atualmente, o seu corte encontra-se condicionado e regulamentado pela legislação nacional (Diretiva Habitats).
Devido ao carácter rígido dos caules da gilbardeira, esta planta arbustiva possui valor ornamental, sendo amplamente utilizada para finalidades paisagistas, como por exemplo, na construção de sebes e para promover a cobertura dos solos.